A cidade de São Paulo espera impacto de até R$ 2 bilhões na economia paulistana com a realização do Grande Prêmio de Fórmula 1, que acontece no próximo final de semana, nos dias 1º, 2 e 3 de novembro. A projeção da Prefeitura para este ano supera a cifra de R$ 1,64 bilhão alcançada no ano passado.
A expectativa para 2024 é de um aumento de até 21% nessa movimentação financeira, incluindo desde o valor do consumo dos turistas na cidade até os valores de transmissão e impacto na mídia.
Uma pesquisa de perfil do público, realizada pelo Observatório de Turismo e Eventos (OTE), da SPTuris, com apoio da Fundação Getúlio Vargas, durante o GP de São Paulo de 2023, revelou que o perfil e o comportamento dos frequentadores reforçam os números alcançados.
Em 2023, o público que frequentou o Autódromo movimentou quase R$ 1 bilhão durante o fim de semana da corrida. Já as operações com organização, patrocínios, transmissão e mídia chegaram a R$ 663,8 milhões no período, totalizando uma movimentação de R$ 1,64 bilhões na cidade.
Segundo os turistas que responderam à pesquisa, a maioria busca outras atrações durante o fim de semana do GP, com bares e vida noturna como destino favorito para lazer, com 24% das respostas, seguidos por compras e shoppings (20%) e passeios turísticos (12,5%).
Esse público de turistas registrou consumo médio de R$ 4.689 por pessoa em 2023, conforme a pesquisa. Com isso, somente o impacto causado pela circulação de turistas na cidade, seja de estrangeiros ou de pessoas de outros Estados e do interior de São Paulo, garantiu movimentação de R$ 973,8 milhões na capital.
O levantamento mostra ainda que 56,5% dos entrevistados têm renda familiar mensal entre R$ 4,4 mil e R$ 22 mil. Para 33,8%, a renda mensal é inferior a R$ 4,4 mil e 8,7% têm renda superior a R$ 22 mil mensais.
Os principais meios de transporte utilizados pelos turistas para chegar à capital paulista no fim de semana do GP são avião (41,7%), carro (38,2%) e ônibus (6,8%). Os hotéis dominam no quesito hospedagem (42,2%), seguidos por aluguel de acomodações por aplicativo (18%) e casa de amigos (13,3%).
Argentinos formavam a maior parte do público estrangeiro que visitou o Autódromo durante a última corrida da Fórmula 1 disputada em solo paulistano. Dentre os brasileiros, os mineiros foram os que mais visitaram o Autódromo, depois dos próprios paulistas. O estudo ouviu 1.219 pessoas entre 3 e 5 de novembro do ano passado.
“O GP São Paulo Fórmula 1 tem um destaque natural na estratégia de atrair público do interior paulista, outros Estados e exterior por meio dos eventos. Trata-se de um turista fiel, que consome produtos e serviços da cidade, aquecendo de forma democrática diversos setores econômicos e, como consequência, com positivo impacto social por meio da geração e manutenção de empregos. Eventos e turismo são atividades de mão de obra intensiva”, explica o presidente da São Paulo Turismo (SPTuris), empresa da Prefeitura, Gustavo Pires.
Os turistas da F1 em São Paulo
Naturalmente, os brasileiros são a maioria dos fãs que comparecem ao Autódromo. Além da Argentina, país do novato sensação da Williams nesta temporada, Franco Colapinto, o top-5 é dominado por sul-americanos, países mais próximos do Brasil, com Chile, Colômbia e Uruguai atrás dos argentinos.
O sexto país com mais espectadores nas arquibancadas de Interlagos é o Peru e o sétimo posto é ocupado, curiosamente, por fãs suíços, país que não tem nenhum piloto na F1 desde que Sébastien Buemi deixou a categoria, em 2011. Em oitavo e nono, mais dois sul-americanos, Paraguai e Bolívia, respectivamente, com Estados Unidos fechando o top-10. A pesquisa não detalhou o percentual por país, mas esses turistas, como um todo, representaram 12,2% dos espectadores no Autódromo.
Já entre os brasileiros, a maioria do público no Autódromo é de paulistas (62,8%), seguidos pelos mineiros (8,3%), paranaenses (7,2%), catarinenses (5%) e gaúchos (3,6%). Os fluminenses somaram apenas (3%) do público que esteve nas arquibancadas.
A maioria absoluta entre os municípios paulistas é de moradores de São Paulo, que somam 23% dos espectadores. O top-5 paulista é completado por Campinas (2,9%), Guarulhos (2,4%), Jundiaí e Osasco, empatados com 2,1% e Santo André, com 1,9%.
Resultados de uma estratégia
Nos últimos três anos a cidade de São Paulo experimentou um crescimento significativo nos eventos internacionais. O que em 2022 era considerado “ressaca da pandemia”, em 2023 e 2024 se confirmou como um vigoroso mercado. Como resultado, São Paulo vem se mantendo como principal destino brasileiro, além de conquistar espaço internacional. Em 2023 foi reconhecida como Cidade Global da Música, pela Unesco, e ocupou o primeiro lugar no ranking das viagens mais vendidas da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa).
Nos grandes eventos, apenas entre as montagens inéditas de festivais e shows, a cidade recebeu o espanhol Primavera Sound e o The Town, no entretenimento esportivo passou a ser única no mundo a montar as três principais categorias da Federação Internacional de Automobilismo (FIA): além da Fórmula 1, também a Fórmula E, disputada por carros elétricos no circuito de rua do Anhembi que inclui a pista do sambódromo, o retorno da WEC Le Mans depois de dez anos, no Autódromo de Interlagos.
Em setembro, outra conquista: depois de três anos de trabalho de captação, aconteceu na Arena Corinthians a primeira partida oficial da milionária liga de futebol americano, NFL — única montagem no hemisfério sul, com impacto econômico de US$ 61,7 milhões, além de ter transmissão para o os Estados Unidos, mercado estratégico para o Brasil.
Para muito além do entretenimento — bancado principalmente pelos consumidores da própria cidade e região metropolitana — os grandes eventos atraem turistas, mercado que se comporta em ondas: primeiro o interior paulista, depois estados vizinhos e outras unidades da federação e por fim os estrangeiros.
Os serviços de apoio – como hotelaria e gastronomia, principalmente — colhem dois resultados bastante nítidos: a diminuição da sazonalidade ao longo do ano, praticamente igualando as taxas médias de ocupação hoteleira, e este mesmo efeito verificado durante as semanas: enquanto as feiras de negócios ocupam principalmente os dias úteis, shows e esportes ocorrem aos finais de semana, normalmente entre quinta-feira e domingo.