Ter 16 anos dificilmente é sinônimo de ser maduro, mas há exceções. Raphael Duarte, atleta original de Cuiabá (MT) e que mora em Niterói (RJ), conquistou o ouro na luta-greco romana na categoria até 92kg pelo Time RJ e mostrou que a mudança de cidade não só ajudou no seu aprimoramento técnico e físico, mas também proporcionou mais autoconhecimento para o jovem que fez aniversário em setembro. Ele saiu de Mato Grosso para integrar a seleção brasileira permanente, projeto da Confederação Brasileira de Wrestling (CBW) a cargo do treinador David Maia, português que foi atleta olímpico em Atlanta 1996 e treinou atletas na Áustria, Suíça, Portugal e México.
“O convite para a seleção permanente veio no começo desse ano. No início foi muito difícil. Sair de casa aos 15 anos, morar longe da família, longe da mãe, do pai, é algo que, querendo ou não, tem que ser pensado, é algo que tem que ser bem conversado na família e etc. Mas eu consegui, né? Quis ir em busca desse sonho, que não é fácil, mas é uma prenda que a gente tem que pagar para realizar nosso sonho. É tudo em busca de algo maior. Foi muito bom para mim esse convite”.
“Ter ido para a seleção, com certeza, me ajudou. É um projeto da CBW que busca o alto rendimento. Temos nosso preparador físico, nutricionista, estudamos. Então, é um projeto muito rigoroso, que vem dando resultado desde o ano passado. É um projeto recente de apenas dois anos que vem dando as caras”.
O atleta que, claro, estava no radar dos observadores técnicos da CBW e era considerado favorito na categoria, chamou a atenção por dois motivos. Primeiramente, pela maturidade que mostrou na dura luta final contra Maycon Nascimento (RN). O adversário chegou a estar vencendo por 4 a 1, quando Raphael conseguiu uma projeção de grande amplitude e marcou 4 pontos para virar a luta. O adversário potiguar não desistiu e conseguiu mais um ponto e a luta terminou empatada. Por ter conseguido um golpe com uma pontuação mais alta, o ouro ficou com Raphael.
“Tudo é treinado. A gente tem todo um plano na nossa mente, no nosso espírito, mas, às vezes, não sai como a gente planejou, como foi o caso. Tem que estar preparado para tudo e, graças a Deus, consegui fazer aquele golpe e levar a vitória. A gente treina para buscar pontos, a gente treina para defender pontos e o que aconteceu foi isso, defesa de pontos”.
E o segundo ponto foi a meia dele, cor de rosa com desenho de corações amarelos com olhos e bico, como um pássaro. A peça do vestuário ainda trazia a mensagem “love yourself” que, em português, significa “ame a si mesmo” numa tradução livre.
“O pessoal pensa que campeonato de luta que é tudo muito rígido sempre, muito pegado, mas não. Os Jogos da Juventude são um campeonato para os adolescentes se divertirem, fazendo os esportes que eles mais gostam. Então, essa meia aqui é pra mostrar para as pessoas que não é só lutar, você tem que se sentir feliz e se divertir dentro do tapete”.
E a diversão do garoto o levou longe. Raphael lutou o Mundial Sub-17 em Amã, na Jordânia, e acabou perdendo por 3 a 1 numa luta dura contra um atleta da Bielorússia, um país muito tradicional na modalidade. A classificação para o mundial veio com a prata no Campeonato Pan-americano Sub-17 de Santo Domingo, na República Dominicana, na categoria até 110kg. Ele venceu lutadores do Chile, Barbados e Peru o placar de 8 a 0, por superioridade técnica. Na quarta e última disputa, Raphael acabou perdendo para o norte-americano. O ouro em João Pessoa foi a segunda medalha do atleta de 16 anos nos Jogos da Juventude, já que ano passado, aos 15, faturou o bronze na categoria até 80kg. Grandes feitos para o eloquente lutador que começou a praticar a modalidade há apenas dois anos, que gosta de ler e sonha com os Los Angeles 2028.
“Sempre procuro ler uns livros, páginas interessantes, sites. Procuro me entreter de outras formas, não apenas ficar no telefone. Também não é apenas só lutar porque os adolescentes e jovens têm que viver também, têm vida fora do esporte. Mas o esporte é a nossa vida e, claro, estamos aqui pra isso. O esporte é algo muito relevante para mim, o wrestling mudou minha vida e eu sou muito grato a esse esporte e tudo que ele faz por mim”.
“O sonho de todo atleta é estar nos Jogos Olímpicos e eu estou indo em busca desse sonho também, tentando buscar a vaga pro próximo ciclo olímpico, lá em 2028”, completou.
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CARLOS ALESSANDRO REGO DA SILVA
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