O adicional de transferência é um direito garantido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para proteger o trabalhador que precisa mudar de domicílio por exigência do empregador. Mas, afinal, você sabe quando tem direito a ele? Quais são os critérios e como calcular esse adicional? Neste artigo, vamos desmistificar o adicional de transferência para que você possa garantir seus direitos sem cair em armadilhas.
O que é Adicional de Transferência?
O adicional de transferência está previsto no Artigo 469 da CLT e se refere a uma compensação financeira devida ao empregado quando este é transferido, de forma provisória, para um local diverso daquele para o qual foi contratado, implicando necessariamente mudança de domicílio. É crucial distinguir entre transferência provisória e definitiva. A transferência provisória, como o nome sugere, tem um prazo determinado ou está atrelada a uma condição específica, enquanto a definitiva implica uma mudança permanente.
Requisitos para a Transferência ser Elegível ao Adicional

- Mudança de Domicílio: É imprescindível que a transferência resulte em uma mudança de residência do empregado.
- Caráter Provisório: A transferência não pode ser permanente. Se a intenção é fixar o empregado em outra localidade, o adicional não é devido.
- Pagamento do Adicional: O empregador deve realizar o pagamento do adicional, sob pena de incorrer em descumprimento da lei.
Quem tem direito ao Adicional de Transferência?
De modo geral, todo empregado com contrato de trabalho por tempo indeterminado que é transferido para uma localidade diferente daquela para a qual foi contratado tem direito ao adicional. Contudo, existem algumas exceções:
- Cargos de Confiança: Empregados que ocupam cargos de confiança podem não ter direito ao adicional, dependendo da interpretação do contrato e da jurisprudência.
- Previsão Contratual: Se o contrato de trabalho já previa a possibilidade de transferência, o adicional pode não ser devido.
Cálculo do Adicional de Transferência
O adicional de transferência corresponde a, no mínimo, 25% do salário do empregado. A base de cálculo inclui não apenas o salário base, mas também gratificações, adicionais (como insalubridade e periculosidade) e outras parcelas salariais.
Exemplo Prático:
Imagine que você, como profissional de instalações da VIVO, ganhe um salário de R$3.000,00, mais R$300,00 de adicional de periculosidade. Se for transferido para outra cidade, o cálculo do adicional de transferência seria:
R$3.000,00 (salário) + R$300,00 (periculosidade) = R$3.300,00
R$3.300,00 x 25% = R$825,00 (adicional de transferência)
Direitos Assegurados ao Empregado Transferido
Além do adicional de transferência, o empregado tem direito a:
- Reembolso de despesas com a mudança, incluindo transporte e moradia (se necessário).
- Garantia de retorno à localidade de origem, caso a transferência seja realmente provisória.
- Outros direitos previstos em acordo ou convenção coletiva da categoria.
O que a Empresa NÃO Pode Fazer?
É importante estar atento a algumas práticas abusivas que podem ocorrer:
- Não pagar o adicional quando devido.
- Transferir o empregado sem uma justificativa plausível.
- Impor condições de trabalho desfavoráveis em relação aos demais empregados da localidade.
- Considerar a transferência como definitiva sem o seu consentimento formal.
Como Comprovar o Direito ao Adicional de Transferência?
Reúna o máximo de documentos que comprovem a transferência, como:
- Ordem de serviço ou comunicação interna da empresa.
- Comprovantes de despesas com a mudança (notas fiscais, recibos).
- E-mails ou mensagens que demonstrem o caráter provisório da transferência.
- Testemunhas que possam confirmar a situação.
- Cópia do contrato de trabalho.
O que Fazer em Caso de Descumprimento dos Direitos?
Se a empresa se recusar a pagar o adicional ou descumprir outros direitos relacionados à transferência, siga estes passos:
- Busque orientação jurídica de um advogado trabalhista.
- Tente um acordo extrajudicial com a empresa.
- Caso não haja acordo, ingresse com uma ação trabalhista na Justiça do Trabalho.
- Denuncie a empresa ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Adicional de Transferência e Rescisão Contratual
O adicional de transferência pode impactar a rescisão contratual, especialmente se a transferência ocorreu pouco antes do término do contrato. As verbas rescisórias devem incluir o pagamento proporcional do adicional, bem como o aviso prévio, se for o caso.
Casos Práticos e Decisões Judiciais
A Justiça do Trabalho tem diversos casos envolvendo o adicional de transferência. Em geral, as decisões são favoráveis aos empregados quando comprovada a provisoriedade da transferência e a mudança de domicílio. É sempre bom pesquisar jurisprudências para fortalecer seu caso.
| Situação | Direito ao Adicional |
|---|---|
| Transferência para outra cidade, com mudança de domicílio | Sim |
| Transferência dentro da mesma cidade | Não |
| Cargo de confiança com previsão de transferência no contrato | Depende da análise do caso |
| Transferência definitiva | Não (pode haver outras compensações) |
Dúvidas Frequentes
O adicional incide sobre o 13º salário e férias?
Não, o adicional de transferência é pago mensalmente enquanto durar a transferência, não integrando a base de cálculo do 13º salário e das férias.
Qual o prazo para reclamar o adicional de transferência não pago?
Você tem até dois anos após o término do contrato de trabalho para entrar com uma ação na Justiça do Trabalho e reclamar os valores não pagos nos últimos cinco anos.
O adicional é devido mesmo se a transferência for para outra cidade dentro do mesmo estado?
Sim, o que importa é que haja mudança de domicílio para outra cidade, independentemente de estar no mesmo estado ou não.
E se a transferência for por interesse do empregado?
Se a transferência ocorrer por sua livre e espontânea vontade, sem imposição da empresa, o adicional não será devido.
Se a empresa oferece moradia, ainda tenho direito ao adicional?
Sim, o fornecimento de moradia não exclui o direito ao adicional de transferência, que tem natureza salarial e visa compensar os transtornos da mudança.
Para não esquecer:
Conhecer seus direitos é o primeiro passo para evitar abusos. Em caso de dúvidas, procure sempre a orientação de um profissional especializado em direito do trabalho.
Gostou das dicas? Compartilhe este artigo com seus amigos e colegas de trabalho para que todos fiquem informados sobre seus direitos!

